Comissão Carcerária inspeciona Cadeia Pública de Boa Vista

Advogado Ednaldo Nascimento junto com os membros da Comissão visitando as alas da Cadeia

Advogado Ednaldo Nascimento junto com os membros da Comissão visitando as alas da Cadeia

O presidente da Comissão Especial de Monitoramento do Sistema Carcerário de Roraima, da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Roraima (OAB/RR), junto com demais membros da comissão, inspecionou na manhã desta sexta-feira, 26, as dependências da Cadeia Pública de Boa Vista.

Essa é a terceira unidade prisional visitada no Estado, conforme orientação da Coordenação Nacional de Monitoramento do Sistema Prisional do Brasil. Está previsto também, com data ainda ser definida, inspeção no albergue e na Cadeia Pública de São Luiz do Anauá, Sul do Estado.

A inspeção tem como finalidade conhecer a realidade do estabelecimento prisional, ouvir os reeducandos e os gestores, além de colher depoimentos para detectar as necessidades que impedem o bom funcionamento da Lei de Execução Penal (LEP).

Entre as reclamações estão a lotação acima do que comporta a unidade, infraestrutura básica para manter as condições de higiene, para dar suporte ao atendimento médico e jurídico, além da alimentação, que também é motivo de reclamação por parte dos servidores.

Construída em 1974, a Cadeia Pública de Boa Vista recebeu pequenas reformas, mas o básico não foi alterado. Hoje tem 164 reeducandos, mas a capacidade da unidade prisional é para 120 pessoas. Por conta dessa superlotação, parte dos reeducandos dorme em redes em duas quadras, destinadas ao convívio coletivo.

O local não tem estrutura para atender os que estão no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) e Sanção Disciplinar. Mas por falta de outro espaço mais adequado, dez celas foram destinadas a esse público, e cada uma abriga cerca três reeducandos.

Nascimento questionou o motivo da última fuga, o agente afirmou que além de ser impróprio para atender os presos considerados de alta periculosidade, porque a carceragem é muito próxima à entrada da ala da cadeia, uma das três guaritas não funciona por falta de efetivo da Polícia Militar.

O agente penitenciário que atendeu a equipe disse que na última revista foram encontrados oito celulares e pequenas quantidade de drogas. Indagado a forma e a facilidade que entram esses aparelhos celulares, ele alegou a precariedade da revista manual. Ressaltou que o ideal é o aparelho de raio-x ou escâner, que é 100% seguro.

A quantidade de agentes também foi alegada com insuficiente para o quantitativo de reeducandos. Hoje são nove agentes por plantão, enquanto que o ideal seria 16. É que desses oito, alguns saem para levar reeducandos para as audiências, para o médico e para fazer o serviço que seria da assistente social, que é conferir junto aos locais de trabalho, o desempenho e a frequência dos que trabalham. “Hoje existem 280 agentes dos 328 que passaram no concurso. Já sinalizaram concurso porque esse número atual é insuficiente”, disse.

Lá existem 25 reeducandos estudando, sendo quatro fazendo ensino superior e os demais fundamental e médio. Uma vez na semana, os que estão precisando recebem o atendimento ambulatorial de uma médica, enquanto que a enfermeira vai ao local de segunda a sexta. Também não existe atendimento psicológico e nem odontológico. Remédios são pegos na rede pública de saúde,

RELATÓRIO – O resultado desta visita se transformará em um relatório que será entregue a todos os órgãos envolvidos na gestão e execução do sistema prisional como a Secretaria de Justiça e Cidadania, Ministério Público do Estado, Ministério da Justiça, Vara de Execução Penal, Defensoria Pública, além de uma cópia para o governador do Estado. Cópias também serão enviadas para a Coordenação Nacional, que está produzindo um retrato do sistema prisional brasileiro.

CONSTRUÇÃO INACABADA – Ednaldo Nascimento também visitou a obra inacabada que está ao lado da Cadeia, e que tem como finalidade atender os reeducandos do semiaberto. A obra está há cerca cinco anos parada. “Vou colocar no relatório e pedir providências para que deem continuidade ao término da obra”, disse Nascimento.

Foto: Marilena Freitas

Advogado Ednaldo Nascimento junto com os membros da Comissão visitando as alas da Cadeia

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